Dano existencial coletivo continuado e o “Caso Eternit”: a morte lenta e silenciosa dos trabalhadores como consequência do “acidente de trabalho em massa” que se perpetua no tempo

Autores

  • Elaine Barbosa Rodrigues Universidade Federal do Maranhão

DOI:

https://doi.org/10.70405/rtst.v90i2.71

Palavras-chave:

Dano existencial, Dano existencial coletivo continuado, Acidente de trabalho em massa que se perpetua no tempo, Reforma trabalhista de 2017, Caso Eternit

Resumo

O presente artigo tem o objetivo de demonstrar a possibilidade de reparação por dano existencial coletivo “continuado”, em decorrência de acidente de trabalho em massa que se perpetua no tempo. Assim, relativamente à problematização do tema sub examen, aborda-se o instituto do dano existencial, positivado na CLT com a Reforma Trabalhista de 2017, demonstrando, ainda os variados conceitos do instituto frisando a lesão à existência humana, com o consequente “futuro roubado”. Ainda, são evidenciados critérios objetivos para a configuração do dano existencial nas relações de trabalho e a distinção entre dano moral e existencial. Ademais, como metodologia, serão analisadas recentes decisões judiciais envolvendo acidente de trabalho, com ênfase ao direito à indenização por dano existencial. Nessa ordem de ideias, trata-se do dano existencial coletivo e acidente de trabalho em massa, procedendo-se à análise do “Caso Eternit”, demonstrando, como resultado alcançado, a configuração do dano existencial coletivo continuado na hipótese estudada.

Biografia do Autor

Elaine Barbosa Rodrigues, Universidade Federal do Maranhão

Mestra em Ciências Jurídicas com ênfase em Direito do Trabalho comparado (Universidade Autònoma de Lisboa/Portugal); mestra em Direito e Instituições do Sistema de Justiça (Universidade Federal do Maranhão); graduada em Direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ); especialista em Direito Material e Processual do Trabalho.

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Publicado

30-06-2024

Como Citar

Rodrigues, E. B. (2024). Dano existencial coletivo continuado e o “Caso Eternit”: a morte lenta e silenciosa dos trabalhadores como consequência do “acidente de trabalho em massa” que se perpetua no tempo. Revista Do Tribunal Superior Do Trabalho, 90(2), 195–223. https://doi.org/10.70405/rtst.v90i2.71

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